Português
AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA
A verdade é que as práticas pedagógicas e avaliativas não se alteram por decreto e a realidade ao nível das salas de aulas demonstra isso mesmo. Em Portugal, a avaliação encontra-se ainda controlada pelo professor. A avaliação para a aprendizagem não é tão comum quanto o desejável, não se apostando o suficiente no desenvolvimento da capacidade de autorregulação da aprendizagem pelos alunos através do feedback do professor, da autoavaliação e da avaliação entre pares, sendo o foco primordial os resultados sumativos.
Os professores apontam vários fatores justificativos para esta dificuldade de implementação de uma avaliação verdadeiramente formativa, entre os quais a sua desvalorização pelos alunos porque não visa a atribuição de notas, a pressão para o cumprimento dos programas, a pressão dos encarregados de educação, associada à pressão da avaliação externa, entre outras. Em disciplinas como o Português, muito marcadas pela “sombra” do Exame Nacional, prevalece ainda a cultura hegemónica do teste, “eleito” como o instrumento de avaliação preferencial, porque através da sua utilização (supostamente) se mede e avalia melhor as aprendizagens.
Vejamos concretamente o caso da disciplina de Português. Se partirmos do pressuposto que “assumir o português como objeto de estudo implica entender a língua como fator de realização, de comunicação, de fruição estética, de educação literária, de resolução de problemas e de pensamento crítico” a utilização exclusiva de testes como fundamento da “avaliação” configura-se como uma estratégia insuficiente e desajustada.
É na interseção de diversas áreas que o ensino e a aprendizagem do Português se constroem: produção e receção de textos (orais, escritos, multimodais), educação literária, conhecimento explícito da língua (estrutura e funcionamento). Cada uma delas, por si e em complementaridade, concorre para competências específicas associadas ao desenvolvimento de uma literacia mais compreensiva e inclusiva16 […]. E com base nestes pressupostos que defendemos uma avaliação para aprendizagem, de base formativa, na disciplina de português.
Elisabete Rodrigues Tavares